Mosaiko realiza debate sobre o tema: Acabar com a pobreza – utopia ou realidade?

O evento aconteceu no sábado, 9 de Junho, no Jango do Mosaiko.

Debate sobre a pobreza em Angola

Estimativas dizem que cerca de 48% da população angolana hoje continua a viver numa situação de pobreza multidimensional.

Esta foi uma das situações que motivou o Mosaiko a realizar um debate sobre o tema: “Acabar com a pobreza – utopia ou realidade?
O evento marcou a 22ª edição do ciclo de debates denominado Cidadania em Debate e aconteceu na manhã de sábado, 9 de Junho, no Jango do Mosaiko, em Viana, distrito da Estalagem.
A assistente social Cecília Kitombe foi a moderadora do debate. Na ocasião, Cecília Kitombe disse que a pobreza é um problema conjuntural que coloca muita gente na condição de vulnerabilidade.
A moderadora partilhou com os presentes informações que dão conta da existência de planos ou estratégias que o Estado angolano tem elaborado ou ratificado para tornar o combate à pobreza uma realidade.
“O país ratificou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), organizados por metas, onde a primeira compromete os Estados a erradicarem a pobreza extrema do mundo até 2030. Angola assinou também a Agenda de Desenvolvimento 2063 para África e elaborou o Programa Nacional de Desenvolvimento (PND)”, disse a facilitadora.
A actividade contou com 69 pessoas, maioritariamente jovens vindos de várias partes de Luanda, e alguns de Malanje.

Cecília Kitombe, moderadora do debate

Os participantes contribuíram para o debate com as suas experiências.
“Muitas vezes os membros das nossas famílias vão em busca da sobrevivência deixando de lado a dignidade. Vão em busca de alimentos, mesmo quando isso coloca-lhes em perigo de morte. Vender nas estradas como acontece com zungueiras, no contexto de Luanda, é apenas um exemplo”, disse o Herculano Adelino.
Outro marco de pobreza colocado neste debate está ligado ao acesso ao emprego. A participante Ana Castelo lamentou o facto de ter terminado a universidade e estar desempregada. “Como hei de sair da pobreza, se mesmo depois de licenciada, para ser admitida, as empresas me pedem cinco ou dez anos de experiência? De onde vou tirar esta experiência se estou a sair agora da universidade?”, questionou a jovem.
A moderadora Cecília Kitombe afirmou existir um sistema, uma mão invisível que divide para reinar, criar uma série de situações para que as pessoas permaneçam na situação de vulnerabilidade, fazendo surgir assim oportunidades de negócios e exploração para eles.
Em resposta à provocação levantada pelo tema: Acabar com a pobreza – utopia ou realidade? As respostas estavam divididas. Uma parte dos participantes acreditava na erradicação da pobreza e outra não.
“O nosso problema é a miséria, nós não somos pobres. Vejo que noutros países os pobres têm até esperança de vida de 90 anos, vivem bem, aqui sobrevivemos”, disse Rafael Agostinho.
Frei António Estevão, outro participante no debate, levantou a questão da pobreza mental. “Quando um cidadão rouba uma cabine, instalada pelo Estado para fornecer energia ao seu bairro, este cidadão mostra-se pobre moralmente”, afirmou. Segundo o participante este não é problema conjuntural, mas um problema individual.
Depois do diagnóstico, o debate avançou para possíveis soluções, Cecília Kitombe disse que só a discussão do problema já é um acto de advocacia social que o Mosaiko traz à ribalta, e os jovens, os cidadãos de modo muito geral, têm meios para poderem contestar e pressionar o Estado a promover mudanças para combater efectivamente a pobreza.
Cidadania em Debate
O “Cidadania em Debate” é um espaço de reflexão criado pelo Mosaiko com a intenção de facilitar entre os cidadãos partilhas de conhecimentos e saberes que têm a ver com o exercício da cidadania e a promoção dos Direitos Humanos. Este acontece no segundo sábado de cada mês e tem o apoio da Misereor, Fundação Fé e Cooperação e do Instituto Camões.

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Construindo Cidadania 691 – Ilícito de mera ordenação social, transgressões administrativas e infracção de trânsito