Regresso às aulas: A ansiedade do Délcio e o receio dos pais

Notícia

Crianças a chegarem na Escola

Délcio, gosta de estudar e está ansioso por voltar à escola porque há 11 meses que não vê a professora e os colegas. Acompanhamos o seu regresso a uma rotina escolar que se espera diferente.

São oito horas da manhã, do dia 9 de Fevereiro, na escola 5008, do Km 12-A, em Viana, as salas, anteriormente desocupadas, pela ausência de alunos da 1ª, 2ª, 3ª e 5ª classes, estão a ser alvo de uma limpeza mais rigorosa porque as crianças regressam no dia seguinte. A empregada de limpeza faz, então o seu trabalho, mas não usa máscara.

Noutra sala, um professor lecciona com a máscara abaixo da boca. Enquanto que os seus estudantes, cerca de 15, da 6ª classe que desde Outubro têm aulas, fazem o uso correcto da máscara, mas, infelizmente, nem todos estão à distância de um metro e meio, tal como mandam as recomendações.

Entretanto, o pequeno Délcio chega pouco antes das 9 horas. Parece ansioso e logo fixa os olhos na lista, procurando o seu nome para saber em que horário e em que sala vai estar neste novo ano lectivo. Depois de quase 12 meses, sem se sentar na carteira, este aluno da 5ª classe diz estar motivado com o regresso às aulas.

Acompanhamos Délcio até casa, onde falámos com o irmão mais velho, Émerson. “As batas já estão lavadas e estamos confiantes”, confirma considerando que “vai sair tudo na normalidade” tal como ocorreu até agora com os mais velhos.

Estudantes aguardam o início das aulas

Lukénia, irmã de Délcio e estudante da 9ª classe, na escola do Iº ciclo, também no Km 12, foi quem pacientemente instruiu o mais pequeno, nas tarefas da escola durante o confinamento. Refere que na sua escola, as condições de biossegurança são aceitáveis: “Temos o balde de lavar as mãos, a máquina de medir a temperatura e o álcool em gel”, acrescentando que tudo tem corrido bem, desde o regresso às aulas no final do ano passado.

Receio que o meu filho contraia a doença

Jubson resolveu vir até à escola dos filhos para ver as salas, bem como, os novos horários.  Apercebe-se que serão apenas 2 horas e meia de aulas, tal como mandam as medidas de segurança. Mas ainda assim, é contra o regresso às aulas e justifica: “Não estou de acordo com o começo das aulas amanhã, pela forma como a instituição se encontra e porque não há meios de biossegurança. Eu como pai estou com receio que o meu filho contraia alguma doença aqui na escola.” Já no dia 10 de Fevereiro, Carlos Quiteculu que tem o filho mais velho na 6ª classe, a frequentar a escola 9073 do Km 9-A, em Viana, desde o ano passado e a filha na 3ª classe, diz que agora no regresso à escola, a filha foi acompanhada pela mãe, acrescentando que “o receio que tive tem a ver com a organização da escola face à pandemia.”

Ainda que o director Sebastião tenha garantido que houve uma nova divisão das turmas, crendo que os ciclos de palestras que a escola tem desenvolvido com os pais, poderão descansar os pais.

Primeiro dia de aula

“A professora não apareceu”, conta Délcio depois de ter assistido às aulas com a professora substituta. Apesar disso, a satisfação do pequeno é visível quando fala dos colegas que há muito não via. A ausência da professora não impediu que o aluno recebesse a primeira lição, um exercício de cópia e também teve aulas de matemática. Sempre com o álcool em gel na mão, Délcio diz que se sente “orgulhoso” com seu regresso e que os colegas estavam distantes uns dos outros.

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