A alfabetização é o processo que visa construir nas pessoas a capacidade de entendimento de ideias escritas e a habilidade de produzir registos escritos. Resumindo, é o processo de ensino e aprendizagem da escrita. Processo este que é celebrado internacionalmente desde 8 de Setembro 1967 (Dia Internacional da Alfabetização), por instituição da ONU e UNESCO.
Desde que os seres humanos aprenderam a registar informações por meio de um conjunto de caracteres convencionados por uma comunidade, uma nação ou, como hoje, por várias nações, o compromisso dos que sabem ensinar, dos que desconhecem a escrita foi crescendo ao longo do tempo.
Porém, este crescimento foi marcado por alguns interregnos, provocados por diversas razões. Uma delas é a atitude de alguns conhecedores da escrita que, dada a acepção das coisas e do mundo que tinham, concentravam a oportunidade de saber ler e escrever, bem como de dominar outras áreas do conhecimento, aos membros da família, às pessoas do seu nível social ou aos homens e mulheres do seu interesse.
A outra razão dos interregnos é a visão e o tratamento desumano a algumas pessoas, pelo simples facto de estas possuírem cor da pele e etnias diferentes. A ocorrência mais expressiva desta razão é a colonização dos povos africanos, onde os colonizadores negavam ao indígena o direito à alfabetização (educação), a não ser que este fosse assimilado, recusando todos os seus hábitos e costumes. Em suma, o nativo tinha que deixar de viver tudo que o identificasse como membro integrante do povo colonizado ou como produto da cultura local, para poder usufruir de alguns direitos, como a educação.
Hoje, em pleno século XXI, o compromisso de alfabetizar as populações em todo mundo atinge níveis nunca antes vistos na história da humanidade, como um esforço único de várias nações. Mas, a concretização da meta de alfabetização das pessoas de todos os países, não importando a sua etnia, a cor da pele, o seu género ou a sua faixa etária, ainda está longe de ser um facto.
Entretanto, está-se a traçar caminhos e a se marcar passos para que, com o esforço de todos, se possa conseguir alcançar esta meta expressa nos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável: até 2030, garantir que todos os jovens e uma substancial proporção dos adultos, homens e mulheres, sejam alfabetizados e tenham adquirido o conhecimento básico de matemática.
Geralmente, as pessoas que não são alfabetizadas são reduzidas a um campo de oportunidades menor, em relação àquelas que têm o domínio das letras. Ademais, cria-se assim um sistema de desigualdade social explícita e injusta, na medida em que os estados não oferecem aos não alfabetizados a possibilidade de exercer profissões de certo estatuto social como o de professor, de médico, de engenheiro e de enfermeiro, e de assumir cargos públicos como de director de escola, de ministro, de deputado, de governador, ou até mesmo de presidente da República. Aliás, estas funções exigem naturalmente o conhecimento e domínio da escrita.
Com esta meta, alfabetizar as pessoas de todos os países, pretende-se combater a desigualdade social, para que todas pessoas sejam capazes de sonhar e se realizar, em situação de oportunidades iguais para todos.
Mosaiko | 20 anos ao serviço dos Direitos Humanos em Angola.