Esta questão fez parte da conversa do passado sábado, 9 de Novembro, durante o Cidadania em Debate com o tema: “Mudança Social: Um Compromisso Pessoal ou Colectivo?”, facilitado por Benja Satula, advogado e professor universitário.
De acordo com o docente, a mudança social é um compromisso colectivo que pode ser apoiada por um envolvimento comunitário rápido ou longo, alterando as relações sociais e de poder, gerando a transformação da sociedade e o seu modo de organização, o que pode incluir mudanças nas instituições sociais, nos comportamentos e nas relações.
“Já percebemos, claramente, a falência do nosso Estado, mas temos que continuar a exigir que o governo cumpra o seu papel no processo de mudança”, mencionou Satula, para quem a mudança social é um compromisso duplo – pessoal e colectivo.
Contudo, o professor destacou que “em Angola há desafios maiores, tendo em conta as manipulações políticas, as falências do Estado e as discrepâncias sociais nas condições de acesso aos serviços básicos, como água, educação, transportes e saúde”.
Os/as participantes falaram do papel e compromisso dos cidadãos e cidadãs na transformação social das suas comunidades. Mas, destacaram, também, os níveis e limitações da intervenção cidadã, atribuindo ao Estado a responsabilidade por garantir as condições e acessos para a materialização e pelo envolvimento dos actores na mudança e melhoria das condições de vida para todos e todas.
Entre outros desafios, os participantes sublinharam ainda, a complexidade de uma mudança social que exige a reinterpretação de culturas locais e da cultura portuguesa colonial, além das limitações à participação nas discussões públicas sobre a violação dos direitos humanos e fenómenos como as mudanças climáticas, crises económicas, migrações, aumento das desigualdades, da pobreza e da exclusão…
Outro grande entrave identificado é que o desejo de “mudança enquanto sociedade é limitada à base e não chega ao nível das estruturas”, referiu Alberto Isaque, participante do debate.
Durante o debate que contou com a participação de mais de 40 pessoas, Benja Satula falou da necessidade de se conhecer o contexto para conseguir impulsionar a mudança, segundo o modelo de espaços de sociedade que temos, como a casa, a rua e o bairro.
“Temos de ser sujeitos activos de mudança. Os rótulos e as diferenças sociais não devem impedir o processo colectivo e, em Angola, as barreiras para a transformação são o egoísmo e o orgulho, nós pensamos muito em nós e menos no outro”, acrescentou.
Os/as participantes concluíram que os resultados das acções de mudança não precisam de ser imediatos, mas resultantes do empenho das diferentes gerações: passada, presente e futura, tendo em conta que, depois de quase 50 anos de independência, o País ainda está num estado precário de desenvolvimento, resultante da desatenção das instituições governamentais.
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