Imagem: Angop
Cornélio Bento é jornalista, activista ambiental, e foi convidado a preleccionar o tema “Laudato si: uma proposta cristã para o Desenvolvimento Sustentável”, na I Semana Social Diocesana de Luena, decorrida de 27 a 30 de Junho passado, na capital do Moxico.
Como define a Laudato si e esta preocupação ambiental?
A Laudato si é uma encíclica do Papa Francisco sobre o desenvolvimento humano integral e o cuidado com a criação. Portanto, aborda as questões do ambiente que se colocam no momento actual e diante da crise ecológica que vivemos, o Homem é chamado a ter uma atitude responsável. Nesta encíclica, o Papa Francisco faz uma análise sobre o actual contexto e deixa claras as linhas para a acção humana. É um documento interessante, em que o Papa fala também de uma conversão ecológica: precisamos de mudar as nossas atitudes diante da criação.
Além da conversão ecológica, que outras linhas aborda a encíclica?
De uma maneira geral, o Papa Francisco quer chamar a atenção dos governos e para a necessidade de uma aliança global de protecção do ambiente. Por isso, chama a atenção aos governos, às grandes instituições e aos homens de boa vontade, para uma acção global sem fronteiras de todas as forças interessadas no bem-comum.
Estamos a criar um clima que produz pobres, excluídos e deslocados… muitas populações do planeta estão a perder os seus espaços, os seus habitats, por causa da degradação ambiental e esta encíclica leva-nos a olhar com outros olhos para a questão do clima.
Como olha para a situação ambiental em Angola?
De uma maneira geral, temos de reconhecer que em Angola há alguma fragilidade nas questões de estudo de impacto ambiental e sobretudo na atribuição de licenças para as operações extractivas. É um desafio.
Como podemos então criar um país sustentável em termos ambientais?
A criação de um país sustentável baseia-se sobretudo na união de vários segmentos: uma fiscalização eficiente sobre as questões climáticas e degradação ambiental, um acompanhamento sincero que tenha em vista o bem-comum na exploração de todos os recursos. Nós temos riquezas nos subsolos que podem ser uma bênção, mas se não forem orientadas para criar empregos, bens e serviços de maneira sustentável, então estamos diante de um mal.
A lei prevê esta orientação sustentável?
As leis até não são o grande perigo. O grande perigo é a fiscalização e a conformidade das próprias leis. Portanto, as leis são boas, mas infelizmente não há o que seria o desejável, que é uma fiscalização, um acompanhamento e monitoramento.
Que apelo deixa à sociedade, em geral, sobre a protecção do meio ambiente?
Somos chamados a melhorar e a cada vez mais criarmos sistemas que sejam eficientes. Sabemos que a fragilidade da fiscalização é um problema, porque mal fiscalizadas estamos a ver, a olho nu, as florestas a desaparecerem. E, portanto, claramente há necessidade de criarmos um sistema que faça possível o controlo, a fiscalização e o acompanhamento.
Sobre a Semana Social
A I Semana Social Diocesana de Luena foi organizada pela diocese local, em parceria com o Mosaiko | Instituto para a Cidadania, e o apoio da Misereor – Organização Episcopal Católica Alemanha para Cooperação ao Desenvolvimento.
O evento foi realizada em resposta a uma das recomendações da VI Semana Social Nacional, uma iniciativa da CEAST – Conferência Episcopal de Angola e São Tomé, organizada pelo Mosaiko, de 22 a 24 de Janeiro, em Luanda, sobre o tema: Desenvolvimento Sustentável.
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Juntos por uma Angola melhor!