“Cada um de nós deve ser combatente contra a corrupção”, diz director do Mosaiko

Conferência sobre Corrupção

Frei Júlio Candeeiro

O director geral do Mosaiko, frei Júlio Candeeiro, afirmou na passada sexta-feira, 9 de Novembro, que todos devem ser combatentes contra a corrupção em Angola.

A afirmação foi feita durante a 3ª Conferência sobre Transparência, Corrupção, Boa Governação e Cidadania em Angola, realizada, entre os dias 9 e 10 de Novembro, pela Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD), no auditório Cónego Manuel das Neves, em Luanda.

Convidado pela AJPD para falar no painel sobre o tema: “A Sociedade está preparada para lidar com uma cultura de prevenção e combate à corrupção? O que ainda deve ser feito?”, frei Júlio Candeeiro fez saber que a corrupção no País é uma bola de neve ou um espiral que afecta a todos, “por isso mesmo cada um de nós deve se constituir no primeiro combatente contra a corrupção, começando por mudar a si mesmo”.

O director do Mosaiko revelou que, segundo as pesquisas sobre o acesso à justiça que a instituição que lidera tem estado a realizar em várias províncias do País, as pessoas estão, geralmente, a apontar a polícia como uma das instituições do Estado em que há um maior índice de corrupção, e, no seu entender, a população tem uma responsabilidade acrescida no combate contra este problema social, porque em muitos casos, disse, esta também tem sido colaboradora.

“Se deixarmos as coisas a mercê da vontade da pessoa mais poderosa, a sociedade não se vai construir”, afirmou o prelector, acrescentando que todo o valor da democracia consiste nos limites e no equilíbrio do poder.

Frei Júlio Candeeiro defendeu ainda que uma cultura de combate à corrupção está longe de ser um facto em Angola, mas reconhece haver uma grande vontade das pessoas em ver as coisas mudadas, realçando que o actual contexto face à corrupção está dividido em três franjas da população: “há uma franja de cidadãos que está bastante eufórica com o momento que se está a viver (as detenções e prisões), há a segunda que não acredita no que se está a passar, “os angopessimistas”; e uma terceira franja que está optimista, mas cautelosa também, e que espera que efectivamente o que estamos a viver se transforme numa cultura de combate à corrupção”.

Sobre a 3ª Conferência

O evento foi realizado pela AJPD, no âmbito da implementação do programa de Direitos Humanos, Boa Governação, Transparência e Desenvolvimento Sustentável, com a finalidade de reforçar o espaço de reflexão pública sobre o fenómeno, o seu impacto em Angola, a defesa do Estado Democrático de Direito e o exercício de cidadania, bem como de contribuir para que o Estado elabore um Plano Nacional de Combate à Corrupção e à Impunidade, que vise efectivamente prevenir, combater e punir os actos de corrupção.

Durante a conferência, abordou-se temas como o papel da Sociedade Civil no combate à corrupção, a experiência de Moçambique; a criminalidade económico-financeira; o papel do jornalismo na prevenção e combate à corrupção; a contribuição dos partidos políticos; e o papel da União Europeia e de Portugal no combate ao branqueamento de capitais com origem em Angola.

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