“1.Uso deliberado de violência, mortal ou não, contra instituições ou pessoas, como forma de intimidação e tentativa de manipulação com fins políticos, ideológicos ou religiosos. 2.Por extensão: Sistema de governo por meio de terror ou de medidas violentas. 3.Atitude intencional e geralmente continuada de intimidação ou intolerância.” [“terrorismo”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa].
A imagem do terrorismo não é só a de um homem barbudo de turbante, pronto a explodir ou a detonar uma estrutura. Não. Terrorismo é também feito por homens de fato e gravata, pseudo intelectuais, prontos a manipular e intimidar para manter poder.
Os critérios usados para circunstancialmente, identificar terrorismo são permeáveis como convém. Exemplo disso é o que se passa no Médio Oriente, dependendo da perspectiva, ainda que todos ataquem, alguns só são vistos como terroristas, mal-feitores e outros apenas como os que se defendem, com fundamentos legais e morais para aterrorizar, matar, destruir e intimidar sem sequer admitirem o terror que exercem.
Por outro lado, não se pode reduzir o terrorismo ao acto em si ou simplesmente à imagem de quem o comete. Terrorismo precisa ser definido não só pela brutalidade momentânea que mata pessoas e destrói estruturas-chave, mas também pelo resultado pernicioso quando perpetrado malembe, malembe… Uma restrição aqui, um apertão e alterações das regras do jogo, ali… Um terrorismo contínuo que mata em vida milhares e milhares de pessoas que por tempo indeterminado, são intimidados e manipulados até perderem o sentido crítico, a dignidade e o respeito por si mesmos.
O terrorismo contínuo nunca se envergonha, mascara-se de regras e leis obtusas que hostilizam toda e qualquer tentativa de reganhar consciência, iluminar as mentes ou de recuperar a humanidade perdida. Até chegar ao paradigma grotesco de tentar obrigar instituições e organizações capazes, à mediocridade de cumprir ordens que travam aquilo que descrevem como “dinâmica” vista como ameaçadora de trabalhar para o bem-estar comum, um conceito inatingível ao engravatado produtor legal que se arroga defensor das “sensibilidades dos grupos-alvo” e convence-se que dá exemplo que baste para exigir que outros prestem “homenagem à transparência.
A proposta de lei que pretende alterar o estatuto das Organizações Não Governamentais segue o método do feiticeiro: assustar os incautos, usando palavras como terroristas, agentes secretos, espiões em território pátrio. E depois, como quimbandeiro e escusando o papel da polícia secreta nesse domínio, apresenta “a solução” irredutível: regular, controlar, fiscalizar, coartar… Os que implementam projectos e demonstram resultados, os que dispensam retórica política e apostam numa aprendizagem transformadora do povo e agora, justamente por causa de tudo isto, lidam com este tipo de terror, no mínimo, grotesco.