Cerca de 30 cidadãos, no município do Cazenga, defendem a realização das Autarquias Locais para a melhoria da qualidade de vida nas comunidades.
Durante a Formação sobre Prioridades Orçamentais e Redistribuição, e depois de terem realizado o exercício de auscultação dos principais problemas sentidos pelos moradores do distrito do Kalawenda, constatou-se que os munícipes do Cazenga enfrentam os mesmos problemas há várias décadas.
Uma situação que pode ser ultrapassada com as Autarquias, conforme o funcionário público, Monteiro António, de 57 anos, “as Autarquias são a esperança que temos no momento. É a coisa mais importante agora” e acrescenta que, actualmente, a participação dos cidadãos na resolução dos problemas da comunidade é condicionada pela partidarização das instituições públicas.
“Neste momento, quando reclamas ou procuras saber, dizem que és da oposição partidária”, lamenta Monteiro, alegando ser este um obstáculo para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.
Teresa Quimuanga, moradora do distrito há 33 anos, diz que há muitos anos que se promete melhorar a vida nos bairros, mas “nunca se cumpriu. Mesmo até agora as nossas das casas não têm água. Só nos meteram torneiras, mas não sai água.”, reforça.
A vendedora ambulante recorda que desde os anos 90 que os governantes prometem aos moradores a colocação de asfalto nas Ruas das Condutas e da Séptima Avenida, mas “não estamos a ver nenhuma mudança”, constata.
O jovem Adão Manuel refere que “com as Autarquias Locais vai ser mais fácil exigir dos governantes o trabalho nas comunidades, até porque vão poder gerir os valores os recursos do município para o bem da própria população e com a participação dos cidadãos”.
O participante da formação acredita que os problemas sociais sejam resolvidos através das Autarquias Locais, “desde que os cidadãos participem mais na procura da solução”.
Joana Fernandes, de 54 anos, revela que “não há ligação entre o governo e a população” e defende que o município do Cazenga e o distrito do Kalawenda sejam escolhidos para serem autarquias, desde a primeira fase.
Problemas encontrados
Os participantes da Formação dizem ter contactado cerca de 50 pessoas, durante a auscultação, que indicavam como principais problemas enfrentados localmente pelas populações: a falta de água, a fome em muitas famílias, o alto índice de delinquência, o mal estado das estradas (esburacadas), o desemprego na juventude e a gravidez precoce.
O exercício de auscultação junto da comunidade serviu para os participantes constatarem se os problemas sentidos pelos cidadãos são as prioridades do Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2020.
No final, os participantes concluíram que grande parte do OGE não reflecte a realidade dos problemas sentidos pelos cidadãos a nível do município do Cazenga.
Sobre a formação
A Formação sobre Prioridades Orçamentais e Redistribuição foi organizada pela Associação Mulher Raiz da Vida, entre 24 e 28 de Agosto, e constitui o Quinto Módulo de Formação de Educação para a Transformação, que decorre desde Março de 2019, no âmbito do projecto Promoção da Advocacia de Políticas Públicas Inclusivas em Angola, implementado pelo Mosaiko, em parceria com a Fundação Fé e Cooperação, com o apoio da União Europeia e do Instituto Camões.
Juntos por uma Angola melhor!