“Ninguém pode sair na rua senão: É matar!”

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Massacre na Lunda Norte, Angola – 30/01/2021 ( Imagem cedida)

Este foi o aviso que as autoridades policiais da Lunda Norte, espalharam através dos seus altifalantes enquanto circulavam esta manhã pelo Cafunfo, Cuango e Dundo. E de facto quando cerca de 300 pessoas saíram à rua hoje, naquela província, pelo menos, 15 terão sido mortas.

“A polícia confirmou-nos que 300 pessoas saíram à rua hoje e não entendo porque se só queremos reivindicar água e energia que nunca tivemos nas nossas casas, porque nos recebem com balas?”, revelou uma fonte que não se quis identificar, mas vive na Lunda Norte.

A mesma fonte disse que entre os 15 mortos: oito são mais velhos e possivelmente há uma criança. Sete são jovens entre os 18 e 21 anos, tendo avançado os nomes: Mukwenda Tomás, Zango Zeca Mwanzgaji, Júlio Elias, Swete, Dinis Simba, Joel e Julinho Lázaro.

“Há um mês que os organizadores da manifestação, enviaram um comunicado a informar as autoridades locais, de Luanda e até algumas embaixadas, sobre a intenção de realizar uma manifestação no dia 30 de Janeiro”, garantiu a fonte.

Os organizadores da manifestação integram o Movimento Protectorado Lunda Tchokwe e no início desta semana, foram capturados nas suas casas, detidos e posteriormente, as autoridades policiais locais efectuaram buscas nas residências. “Libertaram dois, mas ainda estão presos cinco lá no Dundo. Levaram quatro do Cafunfo e um do Cuango”, adiantou a fonte.

“Pedimos que defendam o nosso povo, estes massacres e sextas-feiras sangrentas… Queremos autonomia neste território, na terra de onde saem todos os diamantes, desde 1975 não há água potável nem energia, os hospitais estão sem medicamentos… E não podemos dizer nada?! Não há liberdade, não podemos manifestar!”, desabafou o habitante desta província.

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