LIBERTOS PARA LIBERTAR

EDUCAÇÃO PARA A LIBERDADE

A Educação libertadora tem, fundamentalmente, como objectivo desenvolver a consciência crítica capaz de perceber os fios que tecem a realidade social e superar a ideologia da opressão.

Na educação como prática da liberdade, as mulheres e os homens são vistos como “corpos conscientes”.

Professores das Escolas Mama Kiesse, Santa Marta, Bela Pepe, Luz Casanova, Muenho e Exca, localizadas no município do Cazenga,  afirmam ter percebido, depois da formação sobre “Educação para a liberdade” facilitada por uma equipa do Mosaiko, nos dias 19 a 21 de Dezembro, que aqueles que são “libertos” têm a responsabilidade de “libertar”.

A formação, que teve a duração de três dias, objectivou motivar as/os participantes a reflectirem sobre a educação como meio para atingir a liberdade, bem como promover debates sobre questões ligadas aos modelos de educação utilizados no sistema de ensino nacional e também sobre as causas dos déficits e as formas de ensinar as pessoas a terem uma educação mais libertadora.

Como resultado desta acção formativa que se desenrolou através de diálogos abertos e inclusivos, dinâmicas em grupo, partilha de experiências e filme para reflexão, a formação contou com vários participantes que, pelas discussões em torno das abordagens de Educação Libertadora e Educação Bancária de Paulo Freire, foram unânimes em dizer que “a formação serviu para libertá-los e, por isso, todos os que se beneficiaram dela têm, agora, a responsabilidade de servir de portadores desta mensagem” de libertação, “porque foram libertos para libertar”.

“Hoje, somos professores, mas já fomos estudantes e sabemos, na prática, que os professores tinham, connosco, uma forma de educação bancária, não adequada. E hoje vê-se os resultados, mas, depois disso, não queremos que seja o mesmo com os estudantes  que estão sob a nossa tutela” afirmou  Sabrita Miguel, professora da Escola Bela Pepe.

Para Mário André Ngola, professor da Escola Santa Marta , “o uso dos castigos e outros métodos de ensino bancário devem ser reestruturados a partir da base. O que nos foi passado é de grande valor e a mensagem tem de ser espalhada até para os governantes que criam e executam as políticas públicas de educação”.

Cuidar e educar significa compreender que o espaço/tempo em que a criança vive, exige seu esforço particular e a mediação dos adultos como forma de proporcionar ambientes que estimulem a curiosidade com consciência e responsabilidade. Neste sentido, os participantes foram desafiados a criar planos de acção, contendo os meios para promoção de uma cultura de Educação Libertadora, para executar nas suas escolas, a partir do início do segundo trimestre do ano lectivo de 2023-2024,  conforme comprometeram-se na formação. E a proposta de criação de um movimento de intercâmbio entre as escolas, unindo forças para o alcance deste objectivo.

Apoio: MISEREOR

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