“EU TENHO COVID-19”: Mudança inesperada

Covid 19

Covid 19 Coronavírus

Desde os primeiros casos em Angola, a declaração do Estado de Emergência, as informações que passavam nos meios de comunicação acerca da forma de transmissão da doença, os sintomas e consequências, que a minha preocupação aumenta reconhecendo que afinal posso ter a doença.

Comecei então a acompanhar e a dar importância às medidas de prevenção, pois não queria por nada, tornar-me uma fonte de transmissão para a minha família e demais.

Diferente de outros vírus, o coronavírus tem sintomas muito comuns como febre, tosse e dificuldade respiratória. A novidade acaba por ser a forma de transmissão, deixando-nos sem abraços, sem beijinhos, apertos de mão… Este distanciamento físico mexeu muito comigo e continua a mexer.

Amo estar com a família, conviver e desfrutar de bons momentos, e ficar tanto tempo sem fazer isso é duro, mas nunca senti tanto receio de ir visitar um familiar ou amigo.

Lembro-me que, na primeira semana do Estado de Emergência, estava constipada e com dor de garganta… Com medo, comecei a agir como se tivesse a doença. A preocupação era tanta que cheguei a ligar para o 111, resistia à ideia de fazer consulta. Não queria transmitir o coronavírus aos médicos nem aos enfermeiros,  mas ainda com receio, segui os conselhos do 111 e fui ao hospital.

Desde então e com o aumento de casos assintomáticos no país, decidi considerar-me uma possível portadora do coronavírus e, com esta ideia, fui-me acostumando com o uso frequente da máscara. Em casa, quando espirro, espalho álcool no ambiente, nas superfícies em que as gotículas possam ter caído. Tenho medo de infectar a minha família, por isso, cuido-me, pois, enquanto não fizer o teste da Covid 19, não sei o resultado, logo não posso ser negligente e agir sem pensar nas consequências.

A máscara já é uma peça de vestuário, todos os dias lavo e engomo. Sempre que mexo no dinheiro ou multicaixa, desinfecto as mãos. Já temos transmissão comunitária, por isso uso correctamente a máscara, desinfecto a roupa e os sapatos quando chego a casa.

A COVID -19 é uma doença que exige de nós muito cuidado e higiene, é invisível e todos estamos sujeitos a apanhar e/ou a transmitir. Não seja como os que afirmam: “Você que está a se cuidar muito é que vai apanhar, nós não!”. Estes são os transmissores negligentes.

O que faço aqui, mesmo que ninguém esteja a ver, chega ao mundo, tal como o que o mundo faz chega a mim. Seja prudente, desconfie de si e dos outros. Para prevenir é necessário cumprir as recomendações e colocar-se no lugar de infectado/a, não discrimine! Ninguém sabe ao certo se afinal tem ou não a COVID-19.

 Iracelma Mwalundaque

Sensibilização contra a Covid 19.

Apoio: Misereor

Artigos relacionados
Arquivo
Construindo Cidadania 691 – Ilícito de mera ordenação social, transgressões administrativas e infracção de trânsito