DIA MUNDIAL DA CARIDADE

Faça da caridade o rosto do seu ser!

O mundo celebra a 5 de Setembro o Dia Mundial da Caridade. Uma data que nos faz reflectir sobre as nossas atitudes individuais e colectivas sobre quem precisa, uma vez que todos nós já precisamos e continuaremos a precisar, pois, como humanos, somos eternos necessitantes.

As pessoas estão permanentemente a esquecer, e, às vezes, de coisas que são muito importantes e simples como a caridade. Então ela surge para fazer recordar às pessoas que esta virtude transcende a humanidade, porém convida as pessoas para um exercício contínuo.

Num mundo como o de hoje, em que o capitalismo reside na consciência de muitas pessoas, sobretudo na de habitantes de centros urbanos, como um complexo sistema de crenças de quem é superior e de quem é inferior, de quem domina e de quem é dominado, a prática da caridade torna-se cada vez mais escassa e difícil. A razão capitalista enriquece uns em detrimento da pobreza de outros.

Algumas vezes, chegam-nos informações sobre doações de instituições e pessoas famosas a lares, pessoas singulares, ou famílias desfavorecidas. Mas, muitas vezes, tudo isso não passa de um mero cumprimento de formalidade, dada a sua responsabilidade social como instituição empresarial, ou uma pura estratégia de Marketing, cujo fim último não é ajudar quem necessita, mas servir-se desta ajuda para vender a sua imagem e, consequentemente, render mais.

Esta atitude passa a ser pior que a de nada oferecer, porque quem não oferece de coração, não oferece verdadeiramente, e quem oferece para lucrar, não oferece, faz negócio.

Com isso, pretende-se dizer que a caridade é uma vocação que vem do interior, do íntimo da espiritualidade humana, e que se materializa na relação com os outros membros da sociedade, mas as pessoas que a carregam hoje preferem, pelas emergências do tempo, escondê-la no mais profundo de si mesma, para que não tome o lugar da sua visão orgulhosa, egoísta, egocêntrica e capitalista do mundo e das coisas.

Entretanto, o exercício da caridade não se consubstancia somente na solidariedade material, na oferta de dinheiro ou bens a quem necessita. Ela é muito mais do que imaginamos.

A caridade começa com a simples satisfação da necessidade de viver em comunhão. É uma atitude caridosa viver em aproximação com outro, por isso o contrato social é o primeiro exercício de caridade das pessoas, portanto é a caridade natural inicial.

Então, ouvir quem esteja a necessitar, estar com quem precisa de uma companhia, abraçar quem angustiado precise de um aperto, dizer não a quem erradamente queira fazer algo, e vice-versa, entre outras atitudes são também verdeiros exercícios de caridade.

Portanto, neste dia dedicado a caridade vamos reflectir profundamente sobre ela nas nossas vidas e dizer: eu sou chamado à caridade desde a concepção, vou tirar de dentro de mim para fazer dela o meu rosto…

 

Mosaiko | 20 anos ao serviço dos Direitos Humanos em Angola.

 

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