Participantes a interagirem com os prelectores durante o Debate
As autarquias locais foram o tema do Cidadania em Debate, no passado dia 13, os jovens discutiram o adiamento das eleições e perspectivaram uma participação na vida pública apartidária.
Fernando Sacuaiela do Projecto Agir e Kambolo Tiaka Tiaka da Plataforma Cazenga em Acção foram os prelectores escolhidos para interagir com cerca de 50 jovens este sábado, no jango do Mosaiko, em Viana.
Para Sacuiela, em Angola a participação na vida pública “infelizmente” foi afrouxada pelos partidos políticos que tudo fazem para evitar os independentes e outros actores que vêem as autarquias locais como uma oportunidade.
“Nas ditaduras, como é o nosso caso, embora encapotada de democracia, o espaço de participação cívica dos cidadãos é muito reduzido. Eles sabem que as autarquias trarão outros actores à vida política, por isso evitam”, referiu.
Fernando Sacuaiela relembrou que o conceito de Autarquia traduz-se na devolução do poder aos cidadãos. Um aspecto que, à partida, contraria a matriz inicial de concepção angolana de Estado. “O nosso Estado foi constituído em Alvor de forma `partidocrática´, uma vez que o número três do referido acordo consagra a FNLA, o MPLA e a UNITA como sendo os únicos legítimos representantes do povo angolano”.
“Fundamos um Estado de matriz partidarizada e que o que se precisa com a terceira vaga da revolução cidadã (referindo-se às autarquias), é libertar o Estado dos partidos. O sistema político quer de todo modo, monopolizar quer as discussões, quer as benesses da vida pública, entre os partidos, só para eles”, concluiu.
O também prelector convidado, Kambolo Tiaka Tiaka, e na senda da representatividade dos cidadãos, destacou que os administradores municipais não estão em representação do povo, “estão para representar o partido no poder e os seus interesses políticos”.
O integrante da Plataforma Cazenga em Acção acrescentou, entretanto, que “inequivocamente os representantes que se vão identificar com os problemas dos munícipes sairão das autarquias. Também não é verdade que as autarquias vão resolver todos os problemas dos municípios, mas é um instrumento fundamental para que os municípios comecem a realizar-se”, defendeu.
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