Teve início no dia 18 de Janeiro a Semana da Oração pela Unidade dos Cristãos, que se estenderá até ao dia 25 de Janeiro de 2018. A realização desta semana vem como forma de dar resposta ao pedido, ou ao mandato de Jesus Cristo para os seus seguidores, o de que eles fossem um só, como Ele e o Pai são um. É como se Jesus soubesse de antemão que a sua mensagem seria causa de divisão entre os cristãos e dissesse׃ “cristãos, meus seguidores, se acreditais na minha palavra, se acreditais n’Aquele que me enviou, então, não vos dividis, não luteis, não viveis em conflitos, uni-vos e vivais em harmonia’’.
A falta de união entre as igrejas, a disputa do espaço e dos destinatários da pregação, o atrito que há entre as confissões religiosas, são causa de escândalo e do enfraquecimento e prejudicam, ao fim e ao cabo, a pregação do Evangelho. O projecto e a missão do nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, ao vir ao mundo, era e continua sendo o de construir um mundo onde reina a paz, a justiça, a harmonia, a união e a alegria para todos os filhos de Deus, sem excepção.
Esta semana é concebida como sendo este momento muito especial em que todos os cristãos se juntam e confiam nas mãos de Deus, de Jesus Cristo e do Espírito Santo, todas as lutas que têm estado a travar, suas dificuldades, obstáculos, mas também as suas conquistas, na busca de uma vivência cristã diferente uma da outra, mas em união, em harmonia, com respeito às diferenças, privilegiando a unidade.
A data da realização desta semana de oração pela unidade no mundo, varia. Na Europa, em geral, e cá, em Angola, celebra-se na semana de 18 a 25 de Janeiro, aderindo à proposta de Lewis Thomas Wattson, e noutras partes do mundo, como o Brasil, prefere-se a semana que vai da Ascensão do Senhor à festa de Pentecostes, como propusera o Papa Leão XIII.
A cada ano, um País prepara a semana de oração pela unidade dos cristãos, escolhendo o tema, o lugar e elaborando indicações gerais de textos, orações e reflexões.
O mundo inteiro continua hoje em flagelação, precisa de se libertar de muitos males que ainda enfermam as sociedades. Muita intolerância, muita falta de justiça, muita falta de respeito pela dignidade e valor da vida da pessoa humana, nações lutam umas contra as outras dizimando vidas humanas inocentes e destruindo patrimónios que custaram sangue de pessoas a serem construídos. Enfim, o mundo inteiro está em lágrimas e precisa da mão salvadora de Deus, precisa da conjugação de esforços dos filhos de Deus – os cristãos – os discípulos do Senhor (independentemente da confissão religiosa a que cada um pertença) para fazerem face a estes males, porque a união faz a força, diz o ditado popular.
Continuamos a assistir e com cada vez mais força, na praça pública, cristãos de diferentes confissões religiosas a promoverem, vergonhosamente, sessões conflituosas, acusando-se umas às outras, apontando-se os dedos. Umas têm a pretensão de possuírem, só e somente elas, a verdade revelada por Deus, como se elas fossem as mais legítimas instituições (se assim as podemos todas designar) para as quais Jesus Cristo veio ao mundo para pregar o Reino de Deus.
Em Angola, há motivos mais do que suficientes para que o rápido e imparável crescimento, em número, de igrejas cristãs, contribua para o bem de toda a sociedade. As igrejas precisam de parar de se atacarem, precisam de parar de fazer de suas doutrinas um discurso de maldição contra as outras igrejas cristãs irmãs.
A sociedade angolana continua oprimida: oprimida pela criminalidade, pelo paganismo, pela superstição, pela mentalidade feiticista, pela delinquência, pelo analfabetismo, pela pobreza extrema, pela corrupção, pelo fraco sistema de saúde, por mil situações deploráveis que assolam todos nós. Tudo isto constitui um campo fértil para o trabalho de todos aqueles que procuram semear o bem comum e era suposto que as igrejas cristãs unissem esforços para juntos travarem essa batalha e libertarem dessa opressão a sociedade angolana.
É uma perca de tempo e de forças muito grande quando os mesmos seguidores de Cristo, só porque pertencem a expressões religiosas cristãs diferentes, viram-se as costas, como se de inimigos se tratassem.
Esta semana da oração pela unidade dos cristãos faz-se numa oportuna ocasião para que diferentes igrejas sentem-se no mesmo lugar, para louvarem o mesmo Deus – autor de tantas maravilhas em favor de todo o seu povo. Uma ocasião para se agradecer a Deus por todos os benefícios conseguidos até agora, por um lado. Mas é ocasião, por outro lado, para que se reflicta naquilo que ainda separa os cristãos, naquilo que ainda os torna distantes uns dos outros, naquilo que ainda os divide, que os impede de trabalharem juntos, unindo esforços para o sucesso da evangelização em Angola.
O que se pretende não é a conversão de nenhuma igreja para a outra. Não se pede que nenhuma igreja faça o que faz a outra. O que se pede, o que se espera, é que chegue a hora de acabar com todas as contendas, que os cristãos se abracem e busquem, todos eles, em Jesus – factor de união e razão de fé – a força, a sabedoria e a iluminação necessária para se saber abordar as questões do homem e da mulher de hoje, à luz do Evangelho.
Esta é uma semana de celebração da fé em Jesus Cristo. É uma semana que oferece aos cristãos de todo o mundo a oportunidade de darem exemplo para este mundo doente, para as nações que ainda lutam, para as sociedades que não se respeitam e nem respeitam os homens, mulheres e crianças. É uma semana em que os cristãos devem reactivar as suas motivações do bem. Mostrar para o mundo que é possível viver a diversidade na unidade, na paz, na justiça, no amor e no respeito. Os cristãos devem mostrar ao mundo que ser diferente não é ser inimigo, não é ser desdenhado, não é ser isolado, não é ser afastado. Os cristãos devem ser os primeiros a viver e a mostrar que ter uma opinião diferente, uma crença diferente, uma igreja cristã diferente não é razão para o desencontro, mas motivo para diálogo e enriquecimento das partes, benefício de todas as pessoas, sucesso da missão e projecto de Cristo e maior glória de Deus.
Que a Santíssima Trindade: Deus, Jesus Cristo e o Espírito Santo, ajudem as igrejas do mundo inteiro a buscar o bem da unidade e da paz.