Com base na metodologia de Educação para a Transformação, 280 cidadãos participaram na formação sobre Desenvolvimento e Género, entre 11 e 22 de Março, em cinco províncias do país.
“Eu sou a agente de transformação da minha comunidade, que é Kalawenda, assim mesmo tenho que fazer qualquer coisa onde eu vivo, tenho que conversar com os moradores para tratarmos do lixo e da falta de água”, constatou Maria do Rosário, moradora do Bairro Kalawenda, no município do Cazenga, destacando ainda que durante a formação aprendeu “que devemos ser unidos para desenvolvermos o nosso município”.
Além dos municípios do Cazenga, em Luanda, a equipa Mosaiko esteve nas províncias de Benguela, Huíla, Cunene e Lunda Norte; nos municípios de Cubal e Benguela, Matala, Cuanhama (Ondjiva) e Dundo, respectivamente.
Cada formação aconteceu em cinco (5) dias e reuniu homens e mulheres que, por intermédio de dinâmicas participativas, reflectiram sobre as questões relacionadas com o desenvolvimento das comunidades, a cidadania activa e a violação dos Direitos Humanos baseada no género.
A participante da formação em Ondjiva, Julieta Ndilokelwa, revelou ter aprendido que alguns problemas devem ser resolvidos pelas próprias comunidades. “Aprendi como se faz o desenvolvimento na comunidade, aprendi sobre o género e como destacar os problemas na sociedade e também sobre possíveis soluções que não dependem simplesmente das políticas públicas do Estado”, afirmou.
Direitos das mulheres, os mais violados
Com um total de 94 mulheres, as formações serviram também para os cidadãos identificarem as situações em que os direitos das mulheres e dos homens são violados. E, neste processo, destacaram-se as violações dos direitos das mulheres, por serem mais frequentes, graves e entre os mais violados, o grupo de Ondjiva (Cunene), por exemplo, mencionou os direitos à saúde, à integridade física e psicológica, direitos sexuais e reprodutivos, ao trabalho e à liberdade de expressão e opinião.
Identificar os principais problemas, as causas e consequências, também fez parte dos exercícios durante as formações e como resultado no Cunene apontou-se a situação da seca e de desemprego.
“Felicito o Mosaiko, a Associação Ame Nahame Omunu (ANO) e a União Europeia por promoverem esta formação inédita. O Governo e a Sociedade Civil devem caminhar de mãos dadas, para que juntos possam continuar a resolver os problemas que afectam as populações rurais e as mais desfavorecidas ou vulneráveis”, afirmou o governador do Cunene, Virgílio Tyova, durante a sessão de abertura da formação naquela província.
“Porque o Governo não pode resolver por si, todos os problemas, sempre contará com o vosso apoio e parceria, tal como esta que agora nos une aqui”, reconheceu o governante.
Para o padre Gaudêncio Félix Yakuleinge, director da ANO, associação organizadora da formação no Cunene, este interesse do governo local é inédito. “Chamou-me muito a atenção, desta vez o governador ficou muito interessado pela formação”, confessou, assegurando ainda que, até então, o executivo manifestava pouco interesse nas actividades realizadas pela ANO.
Facilitador destaca a metodologia
Constantino Morais é assessor de Direitos Humanos do Mosaiko e foi um dos facilitadores da formação no município da Jamba-Mineira (Huíla) e no Bairro da Graça (Benguela).
Segundo o assessor, a metodogia de Educação para a Transformação é uma ferramenta útil para o contexto de Desenvolvimento Comunitário, por ajudar “a comunidade a fazer o diagnóstico dos seus próprios problemas e a elaborar planos de acção concretos para dar respostas aos problemas que a própria comunidade identificou”.
Sobre o projecto
O primeiro módulo de formações foi realizado em seis municípios de cinco províncias e fazem parte do projecto “Promoção da Advocacia de Políticas Públicas Inclusivas em Angola”, que tem previsto um total de seis módulos de formação com base na metodologia de Educação para a Transformação (Training for Transformation).
Este projecto é implementado pelo Mosaiko, em parceria com a Fundação Fé e Cooperação (FEC), com o apoio da União Europeia e do Instituto Camões.
O projecto também conta com a parceria de instituições e associações locais como os Grupos Locais de Direitos Humanos.
Juntos por uma Angola melhor!