Nas ruas de Moçambique há mais de um mês que os cidadãos e cidadãs manifestam o desejo urgente de um país melhor, mais próspero e forte. Reivindicam o poder de construir uma nação e de fazer do seu país, um lugar seguro para a cidadania. Acreditam num país feito por mãos várias e de diferentes sensibilidades, sem partidos nem militares ou lambedores de bota.
Nestes dias, reganharam o poder de reescrever a sua história, repensar a construção de uma sociedade moçambicana para todos e todas e estabelecer as bases para que cada um e cada uma, possa exercer a cidadania em pleno.
Estão a defender o voto que depositaram no passado dia 9 de Outubro, não como último acto participativo, mas acreditando que numa Democracia real, o voto é o início e não o fim. É depositar confiança num projecto inclusivo e concreto de melhoria das condições de vida de todos e todas. É desenvolver ideias em conjunto e implementá-las com responsabilidade e lisura.
Por estes dias nas ruas de Moçambique exerce-se o Direito à Manifestação, nas academias dá-se uso à Liberdade de Expressão e várias classes de profissionais, a sociedade civil, incluindo a conferência dos Bispos Católicos de Moçambique, apelam em uníssono, por um direito humano fundamental, o Direito a uma Vida Digna!
O mundo parece querer ignorar o que se passa em Moçambique. África move-se através das suas estruturas e mecanismos com mais facilidade para defender apenas o poder e não o povo moçambicano. O silêncio da Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos é ensurdecedor, foram várias as manifestações da sociedade civil moçambicana e de outros países africanos, durante a 81ª sessão ordinária, em Banjul, Gâmbia, a demandarem um gesto, uma palavra…
Contam-se pelo menos 30 mortos que não foram lamentados pelas altas figuras africanas nem tão pouco se manifestou repúdio sonante contra o assassinato de dois moçambicanos ligados a um dos candidatos às eleições presidenciais. Depois de 46 manifestações, em menos de um mês, os moçambicanos estão sós numa luta que já provou ser desigual, dada as interferências militares e secretas estrangeiras no país, mas ainda assim, os moçambicanos estão unidos e serão capazes de refazer o conceito de cidadania activa por eles e para eles próprios. Que a luta dos moçambicanos inspire a luta dos jovens africanos.
Por uma cidadania plena e exercida em segurança, já!