Foto: PLACA
O coordenador da Plataforma Cazenga em Acção (PLACA), Scoth Manuel Cambolo, afirma que as pessoas precisam mais de “matar a fome” do que usar as máscaras contra a Covid-19.
O líder cívico fez esta afirmação em entrevista sobre o balanço dos 15 dias da Campanha “Meu Próximo, Continuidade de Mim”, que incluiu a distribuição de mais de 3000 máscaras e a sensibilização da população do município do Cazenga sobre as medidas de prevenção contra a Covid-19. A iniciativa realizada em parceria com o Mosaiko e o apoio da Misereor, terminou esta segunda-feira, 1 de Junho.
“Mais do que precisar de máscaras, as pessoas estão mesmo a passar fome”, declarou Cambolo, revelando que durante a campanha de sensibilização realizada nos seis distritos urbanos do Cazenga, as suas equipas constataram uma realidade de urgente intervenção do Estado, não em relação à Covid-19, mas ao problema da fome.
“Durante as visitas, as famílias diziam: em vez de trazer máscaras, deviam trazer comida”, destacou, mencionando os distritos urbanos do 11 de Novembro, Kalawenda e Kima-Kieza, como os mais críticos, sendo que a falta de água potável e o difícil acesso a muitos bairros, o desemprego entre os chefes de família e a falta de ocupação para os jovens são, segundo o activista, os problemas correlacionados com a fome que obrigou muitos membros de famílias a saírem para procurar o mínimo necessário para sobreviver, apesar do apelo das autoridades de “ficar em casa” para prevenir-se da Covid-19.
Ao longo das duas semanas de actividades, a PLACA mobilizou cerca de 60 jovens para a campanha nos seis distritos. O coordenador estima que milhares de pessoas foram alcançadas e há mudanças que têm sido observadas, como o comportamento das “mamãs”, que se preocupam em usar máscaras e lavar as mãos com água e sabão, frequentemente.
Incumprimento das medidas
Para o activista cívico, uma das principais medidas de biossegurança que não tem sido cumprida é o distanciamento físico de um ou dois metros. “Vemos, principalmente, na bicha do pão e de aquisição de água, as pessoas a não cumprirem com as medidas de distanciamento”.
Na paragem dos táxis a situação é ainda mais complexa, disse Scoth Cambolo, a medida de redução de passageiros por corrida obriga que muita gente permaneça nas paragens e “ninguém quer ficar, todos lutam para subir, é um Deus nos acuda”.
Para mitigar esta situação, o coordenador da PLACA apela ao governo provincial de Luanda “a pôr a circular os autocarros de que muito se falou que estariam disponíveis”. “Não vemos nenhum, pelo menos no Cazenga”, confessou.
Quanto à passagem do Estado de Emergência para a situação de Calamidade Pública, o também professor universitário diz que é uma medida acertada, porque vai permitir a procura por meios de subsistência, “já que o Estado não está a ajudar a nada ou o suficiente para evitar que as pessoas saiam de casa”.
Cambolo alertou que faltou mais informação à população sobre as mudanças de paradigma, “porque com esta mudança as pessoas pensaram que tinham o tapete vermelho para passearem”, e finalizou: “agora o controlo da pandemia depende também de cada um de nós, cada um é um agente contra a propagação do vírus”.
Mosaiko contra a Covid-19
Desde o primeiro Estado de Emergência, decretado pelo Presidente da República, a 27 de Março, o Mosaiko, com o apoio da Misereor, tem trabalhado com diferentes grupos e associações de base, de diferentes províncias do país, no âmbito da sensibilização dos cidadãos para o conhecimento e prevenção da doença Covid-19, usando também os canais de comunicação digital da instituição, website e as redes sociais.
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