Quem não consegue cuidar da casa não pode cuidar da aldeia. Mário Rui relembrou, neste sábado (13), em Viana, a importância da família na construção de uma sociedade justa.
“Economia familiar e auto-sustentabilidade” foi o tema do Cidadania em Debate, que aconteceu no passado sábado, 12, no Jango do Mosaiko|Instituto para a Cidadania e desta vez teve como convidado, o frei Mário Rui.
“Antes de falar da administração do município, da administração de uma província, de um país, de uma empresa ou de outra coisa qualquer, a palavra economia tem na sua origem a palavra ligada à família, porque está a falar da administração da casa (oikonomos)”, explicou o frei aos mais de 50 participantes.
Uma economia familiar sustentável, na perspectiva de Mário Rui, é uma economia que consegue atingir os objectivos, respeita as prioridades e “consegue gastar menos do que aquilo que recebe.”
Entretanto, Mário Rui reforça a ideia de que para haver mudanças gerais são necessárias, primeiramente, mudanças a nível familiar. Fala-se “bastante em relação à economia, aos casos `Lussatis´ e outros. Talvez só não tivemos a oportunidade que ele teve porque, às vezes, a desordem (nossa) lá em casa não é muito diferente. Os desgovernos temos, a nível público, se calhar já eram bem visíveis a nível doméstico.”
Para o frei Mário Rui, “a sustentabilidade deve ser economicamente viável, socialmente justa, culturalmente enraizada, ecologicamente suportável e eticamente credível”. O que implica uma distribuição justa das riquezas, conhecer as particularidades de cada comunidade sem, no entanto, colocar em causa o meio ambiente.
O eticamente credível é o que se pede
As pessoas têm que fazer o que dizem, para Mário Rui o oposto não pode funcionar, acrescentando que “o Presidente João Lourenço, ao escolher como prioridade do seu mandato, o combate à corrupção, em 2017, não o fez por razões éticas, mas por razões económicas, para atrair investimentos (externos) ”.
Questionando novamente o caso Lussati: “Aqueles milhões aplicados na saúde, educação e saneamento básico, significavam o quê para o país? O que estava naquelas malas é a vida de milhares de pessoas, a formação de milhares de crianças e jovens”, lamenta.
O Cidadania em Debate acabou com uma dinâmica que consistiu em indicar os locais onde foram produzidos alguns produtos da cesta básica, entretanto demonstrados no Jango, o resultado, para “espanto” dos participantes, foi que apenas um único produto terá sido integralmente produzido em Angola. A dinâmica foi facilitada por Cecília Prudêncio, responsável pelo departamento de Formação e Biblioteca do Mosaiko.
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