“A igreja não deve somente se preocupar com a vida espiritual dos seus fiéis, mais também deve estar atenta às suas necessidades sociais” – Pastor Estanislau Barros
Esta é uma das motivações que levou os pesquisadores do Departamento Comunitário da Igreja Evangélica de Angola (IEA) a implementarem o projecto de pesquisa denominado “Apoio da resposta ao surto de febre amarela em Angola”. A apresentação do resultado decorreu dia 19 de Dezembro, em Caxito.
O evento decorreu no Cine Caxito e contou com a participação de autoridades tradicionais, representantes da administração municipal e do governo provincial, de igrejas e organizações da sociedade civil.
Na apresentação do relatório, o pastor Eduardo Sassa, explicou que os estudos foram feitos num período de nove meses, em onze localidades do município dos Dembos, e teve três componentes principais: Sensibilização; Advocacia e Monitoria Social.
Segundo o pastor, embora os dados da pesquisa primária não coincidam com os dados oficiais do Estado, a análise pode prever que os factores que mais contribuem com as causas do paludismo, cólera e febre amarela naquela localidade são: a falta de local adequado para deitar o lixo, e de modo geral a falta de acesso às instalações de saneamento básico. “Este é um défice que tem implicações directas e sérias na saúde das populações”, afirma o director.
Mas há todo um trabalho que é feito pelos activistas de Saneamento Básico, que tentam minimizar estas situações a partir de visitas às famílias e realização de palestras. É o caso da senhora Rosa Ganga, que desde de 2012 está envolvida nesta causa. “Nós visitamos as famílias e orientamos sobre a importância da lavagem das mãos antes das refeições, do uso do mosquiteiro, de utilizar água fervida para evitar estas doenças todas”, descreveu.
E para que estas orientações se façam sentir na vida das populações, é preciso contar também com o apoio de outras organizações locais, e a igreja tem uma função importante neste processo. É o que destacou o Secretário Nacional da IEA, o Reverendo Estanislau Barros, durante a entrevista. “Apelamos para que toda Igreja tenha mais envolvimento com a comunidade, que tenham técnicos para investigação científica, que sejam capazes de levar as universidades nas comunidades e as próprias igrejas saiam dos quatro cantos dos seus templos e se envolvam com a vida do povo”, orientou o Reverendo.
Além disso, o livro do Relatório também traz algumas recomendações pontuais que o técnico de Projectos do Departamento Comunitário da IEA, Eurico Agostinho Domingos relembra: “que as administrações provinciais e municipais estejam mais envolvidas com a vida das comunidades; permitam que as pessoas possam participar activamente nas decisões públicas e que levem a sério o investimento em mais recursos na prevenção e cuidado com a saúde dos munícipes. É tudo que esperamos”, concluiu Domingos.
Sobre a Pesquisa
O estudo decorreu no período de Outubro de 2017 até Junho de 2018 e teve o apoio da Open Society Initiative for Sourthem África (OSISA), para a primeira publicação do livro – Relatório de Monitoria sobre o Saneamento Básico em 11 localidades dos Dembos. No final actividade cada participante recebeu um livro.
Este trabalho de pesquisa foi feito em parceria com monitores indicados pelos sobas das comunidades e todos receberam formação para participarem da pesquisa.
Participação do Mosaiko
O Mosaiko esteve presente no evento de apresentação pública dos resultados da Pesquisa, e foi representado pela coordenadora do Departamento de Informação e Edições, irmã sílvia Cristina.
Por uma Angola melhor!